Americanos precisam trabalhar menos para completar álbum da Copa
25/05/14 11:40Quem já completou o álbum de figurinhas da Copa talvez prefira não fazer os cálculos de quanto gastou na brincadeira. Ou talvez já fez as contas e não queira discutir isso com ninguém.
Uma coisa, no entanto, é certa: os colecionadores no Brasil precisaram trabalhar quase três vezes mais para atingir essa meta do que seu pares –certamente menos numerosos— nos EUA.
Por aqui, o álbum sai por US$ 2 e cada pacote de figurinhas, US$ 1. No Brasil, os valores são, respectivamente, R$ 5,90 e R$ 1.
Considerando impostos (aqui, no caso, de Nova York) e número de figurinhas no pacote (no Brasil são cinco, nos EUA, sete), cada colecionador não gastaria menos de US$ 99,36 (cerca de R$ 220), em Nova York, e de R$ 128, no Brasil, para conseguir todas as 640 figurinhas.
Pelo câmbio, parece até mais vantajoso fechar o álbum no Brasil –e, de fato, não faria sentido algum um turista que ganha em real voltar com sua coleção daqui.
Quem mora nos EUA, contudo, sai na vantagem: enquanto um trabalhador que recebe um salário mínimo no Brasil precisaria trabalhar, pelo menos, 39 horas para completar o álbum, por aqui, um trabalhador em igual condição teria que trabalhar 14 horas.
Apesar da “vantagem”, a procura nos EUA está longe de repetir a febre vista no Brasil. Segundo a Panini America, 75 mil estabelecimentos estão vendendo as figurinhas em todo o país, entre eles farmácias (Walgreens), supermercados (Wal-Mart, Target), e lojas de esportes. Os vendedores, porém, não se empolgam ao serem perguntados se o produto está saindo bem.
Por aqui, é possível, ainda, encontrar com facilidade um produto que não se viu no Brasil: os “trading cards” da Copa, aqueles cartões em papel duro, com a ficha técnica de times e jogadores atrás. São 201 cartas para colecionar. Um pacote com 20 custava US$ 19,90 (cerca de R$ 44) em uma das lojas consultadas.
Segundo o “Wall Street Journal”, a rede Modell’s, que vende produtos esportivos, promoveu num “sábado recente” um dia de trocas de figurinhas do álbum na sua loja da Times Square. Compareceram cerca de 40 colecionadores –a maioria deles, latinos.
O mexicano Carlos Baez, 35, funcionário de um restaurante em Manhattan, foi o primeiro a completar o álbum entre os presentes e disse ter gasto US$ 190 (cerca de R$ 418), no total, segundo o “WSJ”. Baez contou que sua mulher não gostou muito do tempo gasto por ele para procurar as figurinhas e cuidar do álbum. Queria mais atenção para ela.
“Eu disse para ela que viria trocar as figurinhas aqui, e ela não gostou muito. Mas ela agora vai ficar feliz porque eu finalmente completei”, disse Baez ao jornal.
Valores à parte, a rotina dos colecionadores dos dois países não parece tão distante assim.