Até mais, Nova York
09/10/14 09:45“Ele adorava Nova York. Ele a idolatrava em excesso. (…) Para ele, não importava a estação, essa era uma cidade que ainda existia em preto e branco e pulsava ao som de George Gershwin.”
Assim começa “Manhattan”, de Woody Allen, com a cidade amanhecendo em branco e preto, ao som de Rhapsody in Blue, de George Gershwin.
Assim escolhi iniciar o último post deste blog sobre Nova York, uma cidade que sempre desperta sentimentos em excesso, sejam eles quais forem.
Tudo por aqui vem em demasia: das luzes da cidade e pontos de Starbucks ao volume das sirenes de ambulâncias e à infestação de pragas, como ratos e bedbugs. Tudo é interessante, tudo pode se tornar uma boa pauta e, bem, a cidade te atropela se você tiver a ousadia de tentar ter algum mínimo controle sobre “tudo”.
No primeiro post, mencionei o desafio de escrever sobre uma cidade da qual tanto já se falou e sobre a qual os brasileiros já conhecem tanto.
Durante esse período de correspondência, no entanto, percebi que Nova York sempre vai aceitar novas perspectivas. Por aqui, neste blog, ficou a minha.
Num breve resumo, este foi o espaço para escrever sobre descobertas, como alguns detalhes sobre a passagem de Gabriel García Márquez como correspondente na cidade, e sobre experiências –com um século de diferença– de Walt Whitman e Simone de Beauvoir na Big Apple.
Ficou registrada por aqui a chegada do novo prefeito de Nova York, Bill de Blasio, com seu “open house” popular, e a tentativa de adaptação da família à nova realidade (com o “lobby familiar” do filho adolescente pela suspensão das aulas num dia de nevasca).
A saída abrupta de Jill Abramson, a primeira mulher a comandar a redação do “New York Times”, por sua vez, foi abordada com um desabafo, no qual falou sobre sua experiência com jornalismo e até Copa do Mundo. Depois falaria sobre muito mais aqui, em entrevista exclusiva para a revista “Serafina”.
Visitei Atlantic City para mostrar o declínio dos cassinos na cidade, e Denver, para ver a adaptação do Colorado uma semana após se tornar o primeiro Estado a legalizar a maconha para uso recreativo.
Curiosidades como a bizarra “prisão do Homem Aranha” na Times Square (e a consequente revolta dos Elmos e Minnies) e a “febre” de Brasil por estas bandas durante a Copa do Mundo também tiveram seu lugar.
No fim do inverno, fui atrás da sopa eternizada em “Seinfeld”, e comprovei que o clássico episódio “The Soup Nazi” ainda impulsiona o negócio do iraniano que inspirou o personagem. Aliás, a série foi devidamente lembrada no blog, nesse post, e na Ilustrada no seu aniversário de 25 anos.
Nos 20 anos de “Friends”, visitei o “Central Perk” recriado no Soho para narrar aos fãs tudo sobre a série que dá para encontrar por lá (até o próximo dia 18).
Falei sobre a aparente aproximação de Obama e Hillary com Nova York, e sobre o mal silencioso que se espalha numa cidade como esta, retratado em “Elena”, filme de Petra Costa que estreou nos EUA em maio.
Como acredito que algumas das dicas dadas por aqui e em matérias publicadas na Folha ainda podem ajudar você, leitor, numa próxima vinda a Nova York, resolvi juntá-las na lista abaixo.
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> Sobre wi-fi gratuito na cidade
> Sobre as praias de Nova York (um bom programa para um dia insuportavelmente quente de verão)
1. aqui um “por que ir à praia em NY?”
2. aqui sobre a icônica Coney Island e a vizinha Brighton Beach
3. aqui sobre a praia de nudismo em Nova Jersey e a “Hamptons hipster”, Fort Tilden
> Sobre opções de musicais da Broadway (a maioria deles ainda está em cartaz, mas Neil Patrick Harris já foi substituído por Andrew Rannells em “Hedwig”. Em 16 de outubro, é Michael C. Hall, de “Dexter”, que assume o papel principal no musical)
> Sobre o cartão do metrô
> Sobre as melhores pizzas de NY
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Por último, sugiro apenas que você venha sempre à cidade com um olhar curioso, mesmo que seja sua enésima vez aqui.
Tentei fazer isso nestes meses. No meu primeiro post, havia, inclusive, me comprometido a revisitar a Queensboro Bridge, de onde, segundo Nick Carraway, personagem de “O Grande Gatsby”, Nova York “é sempre a cidade vista pela primeira vez”.
Ontem voltei lá (e em Roosevelt Island), e o resultado está nas fotos deste post.
Agradeço sua leitura nestes meses. Foi um grande prazer escrever o NY Posts.