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por Isabel Fleck

Perfil Isabel Fleck é correspondente em Nova York

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Beatles em Nova York

Por nyposts
09/02/14 10:30

Foi num domingo também, dia 9 de fevereiro de 1964, que John, Paul, Ringo e George estrearam num programa de TV americano, sendo apresentados assim, pelos primeiros nomes escritos na tela, enquanto cantavam “Till there was you”.

Ao aparecer a imagem de John Lennon, a legenda alertou as fãs: “Desculpem, garotas. Ele é casado”. (Ela deixaria sua mulher à época, Cynthia, por Yoko Ono três anos depois). Nem por isso, as presentes no auditório deixaram de gritar.

Os 50 anos de sua apresentação no “The Ed Sullivan Show” –que marcou o primeiro dos quatro tours da banda pelos EUA e representou o grande salto dos britânicos, então com idades entre 20 e 23 anos, para o resto do mundo— estão sendo lembrados com exposições e shows por Nova York, a partir deste fim de semana. A principal mostra vai até 10 de maio.

Dois dias antes de participarem do programa, eles tinham causado um alvoroço nunca antes visto no aeroporto JFK, em Nova York. Uma multidão de garotas histéricas os acompanhou na chegada, em frente ao seu hotel e diante do prédio da CBS, antes da gravação.

Mas apenas 728 dos 50.000 que tentaram ingressos conseguiram acompanhar no auditório o “début” dos Beatles ao vivo na TV americana. Estima-se que mais de 73 milhões de pessoas tenham assistido ao show pela televisão naquela noite.

Além de “Till there was you”, eles cantaram trechos de “All my loving”, “She loves you”, “I saw her standing there” e “I want to hold your hand”, diante de uma plateia enlouquecida. (Veja no vídeo abaixo; o show vai até o minuto 10:40).

 

 

A visita ocorreu menos de um mês após o lançamento de seus dois primeiros álbuns nos EUA –“Introducing… The Beatles” e “Meet the Beatles!”, que chegaram ao mercado com menos de dez dias de diferença, por duas gravadoras distintas.

Na principal exposição montada em Nova York para comemorar o cinquentenário da data, a mostra “Ladies and Gentlemen… The Beatles!”, o primeiro tour da banda é lembrado com uma “instalação” com microfones, remetendo à coletiva de imprensa feita com os rapazes em sua chegada ao aeroporto JFK (veja vídeo abaixo).

A exposição pode ser vista até maio na New York Public Library for the Performing Arts, seção da Biblioteca Pública de Nova York que fica no Lincoln Center. Com entrada gratuita (mas, atenção: fechada aos domingos), a exposição reúne 400 objetos sobre a banda, entre instrumentos, pôsteres, fotografias, cartas e entrevistas.

Outra mostra, na pequena Morrison Hotel Gallery, galeria no Soho especializada em fotografias relacionadas à música, traz 25 imagens da passagem dos Beatles pelos EUA em fevereiro de 64 –algumas delas inéditas. Com curadoria de Julian Lennon, filho de John e Cynthia, a exposição também tem entrada gratuita e vai até 28 de fevereiro.

 

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A discrição como vizinha

Por nyposts
07/02/14 11:00

“Você sabia? O Woody Allen mora aqui nessa rua, algumas casas para lá”, disse o senhor da mesa ao lado para o amigo, que acenou com a cabeça que não.

Depois da introdução, não consegui não prestar atenção ao resto da conversa. Era para isso que eu estava naquele café, na esquina da rua do cineasta: queria saber o que pensavam seus vizinhos, seus conhecidos sobre o escândalo que retomara os jornais no fim de semana.

Afinal de contas, se nas redes sociais, todo mundo tem uma opinião para dar sobre o suposto abuso cometido por Allen contra a filha adotiva nos anos 90, provavelmente quem já teve algum contato com ele também teria.

A vizinhança de Woody Allen, no bairro de Upper East Side, em Manhattan, no entanto, tem preferido a discrição nos últimos dias.

Da pequena barbearia com a foto autografada de Allen na vitrine ao reservado restaurante italiano em que ele sempre vai, ninguém quer comentar as denúncias feitas por Dylan Farrow, a filha. Nem em sua defesa arriscam um “eu não acredito que ele faria isso”, como muitos foram à TV fazer.

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Foto autografada de Woody Allen na barbearia da vizinhança (Isabel Fleck/Folhapress)

“A vizinhança aqui é muito tranquila. Ele é um vizinho muito tranquilo. Prefiro não falar sobre isso”, disse uma mulher que trabalha num prédio de dois andares a três casas da de Allen.

Não raro o diretor, que mora há mais de sete anos no local, é visto caminhando por ali. Nos últimos dias, isso se tornou mais raro, confessa o garçom de um restaurante da rua ao lado.

Mas parece que todos entenderam que o assunto requer privacidade. Em frente à casa de Allen,  não havia repórteres de plantão ou qualquer cartaz de protesto –pela repercussão que o tema ganhou, acharia até normal se alguém tivesse resolvido se manifestar diante da sua porta.

 

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A casa de Allen (em primeiro plano), em Manhattan (Isabel Fleck/Folhapress)

 

Na cerca de meia hora em que passei no café, até vi pelo menos quatro curiosos sacarem seus celulares para tirar foto da casa.

(Se antes a residência do cineasta que fez de Nova York a protagonista de seus filmes já era uma atração turística, com o escândalo, fotografá-la parece ter se tornado ainda mais pitoresco.)

Mas o “assédio” para por aí. Na mesa ao lado, no café, a discrição também fez com que a conversa dos senhores sobre Allen não evoluísse para a questão “Dylan”.

A proximidade entre as mesas, contudo, me permitiu perguntar a opinião de um deles sobre o caso.

“A minha filha estudou com a filha dele, no mesmo colégio, me parece um cara bom”, disse. “Em todo o caso, se for verdade, vai ser horrível. Se não for verdade, também vai ser. Não tem como as pessoas não saírem destruídas dessa história.”

É, parece mesmo que não.

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Intervalo valioso

Por nyposts
02/02/14 10:30

Um segundo, R$ 323 mil. Esse foi o preço médio pago pelas empresas que anunciaram no intervalo do Super Bowl passado –de longe, a publicidade mais cara do mundo. Neste ano, estima-se que o valor será ainda maior.

E se elas se dispõem a pagar mais de US$ 4 milhões (R$ 9,7 milhões) só para veicular comerciais de 30 segundos –porque estamos descontando aqui todo o custo de produção–, o resultado, na maioria das vezes, é impecável. Tanto que apenas 0,7% dos telespectadores nos EUA mudou de canal na hora do intervalo em 2013, segundo levantamento da empresa Kantar. No ano passado, a audiência da final da liga de futebol americano foi de 164 milhões de pessoas.

Para quem está no Brasil, o jogo, entre o Denver Broncos e o Seattle Seahawks, aqui em Nova Jersey, será transmitido pela ESPN a partir das 21h30 (horário de Brasília) deste domingo. No entanto, sem os comerciais.

Mas você já pode assistir a alguns deles na internet. Neste ano, várias empresas se anteciparam divulgando teasers ou até os vídeos na íntegra nos últimos dias.

Algumas apostaram na interação com o espectador antes da grande noite. A H&M, de vestuário feminino e masculino, por exemplo, provocou o público com uma votação: você quer ver o comercial com o jogador David Beckham com roupa (na verdade, só uma cueca) ou sem nada (ao menos é essa a sugestão)? Na noite de ontem, a segunda opção vencia com ampla vantagem: 104 mil contra 40 mil.

 

 

Outra que envolveu o público (e publicitários do mundo inteiro) foi a gigante Pepsico, com a campanha do Doritos. Desde setembro, ela faz uma seleção com os melhores vídeos enviados e, dos cinco finalistas, dois (um escolhido pelo público e um por uma comissão interna) serão veiculados no intervalo do Super Bowl. Assista aqui aos cinco finalistas.

Como de costume, algumas marcas valorizaram seus 30 segundos com celebridades. Neste ano, Scarlett Johansson e a apresentadora Ellen DeGeneres são as já anunciadas –a primeira é garota-propaganda de uma fábrica de refrigerantes em um vídeo que gerou uma celeuma política, enquanto Ellen dança para promover o serviço de “streaming” musical Beats Music.

 

 

 

A Toyota traz o ator Terry Crews com… os Muppets, que “sequestram” a nova Highlander do ex-jogador de futebol americano.

 

 

A Kia, por sua vez, resgatou o personagem Morpheus, interpretado pelo ator Laurence Fishburne em “Matrix”, para mostrar seu K900 luxury sedan.

 

 

Para finalizar, dois que prometem arrancar suspiros (além do comercial do Beckham, claro) são os aí de baixo. O da Budweiser une um filhote de labrador e um cavalo à balada “Let Her Go” do cantor folk britânico Passenger –a fórmula não poderia ter dado mais certo no quesito “fofura”. A mensagem final –“best buds”– faz alusão à amizade e é a única menção à cerveja no vídeo (tirando o boné do personagem, onde a marca aparece de forma quase subliminar).

A campanha do cereal Cheerios aposta numa história familiar comum, mas com produção delicada, para arrancar um sorriso de empatia no final.

 

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Quanto vale essa memória?

Por nyposts
29/01/14 11:00

Será praticamente o mesmo preço cobrado pela entrada em museus como o Moma ou o Guggenheim. Mesmo assim, o valor de US$ 24 (cerca de R$ 60) anunciado para o ingresso do futuro Museu Nacional do 11 de Setembro, que abrirá as portas em maio, causou alvoroço em Nova York.

Primeiro, por ser, evidentemente, um valor alto, considerando que não só os familiares das vítimas –que não terão a entrada cobrada–, mas todos os americanos se sentem parte da história que estará contada lá dentro.

Depois, por esse preço ser resultado de uma recusa do governo federal em bancar parte dos custos operacionais do museu. Para muitos –inclusive o prefeito de NY, Bill de Blasio—, não é aceitável que o governo não invista em um lugar destinado a resgatar a memória da maior tragédia da história do país e de suas 2.977 vítimas.

“Esse é um lugar nacional importante. É algo que as pessoas vêm de todo o país, de todo o mundo, para ver, e nós precisamos que o governo federal se junte a nós”, disse Blasio, na semana passada.

O museu foi construído no que era o subsolo das Torres Gêmeas, justamente por ser um lugar em que uma parte dos prédios se manteve. Será possível, por exemplo, ver uma das escadas que foi usada por milhares de sobreviventes para escapar.

Também estarão dispostos por lá grandes estruturas de metal que faziam parte do prédio –agora, contorcidas—, um carro dos bombeiros usado no resgate (veja galeria abaixo), além de objetos pessoais das vítimas encontrados nos escombros ou doados por familiares. Serão 10.000 metros quadrados de lembranças.

Museu do 11 de Setembro

“Nunca foi a intenção que isso se tornasse uma atração turística lucrativa, com orçamento proibitivo e uma taxa de entrada”, condenou, em nota, a vice-presidente do grupo de Pais e Familiares das Vítimas e dos Bombeiros do 11 de Setembro, Sally Regenhard. “Só os ricos poderão visitar”, completa.

Os responsáveis pelo museu dizem que o valor do ingresso vai servir para ajudar nos gastos operacionais, que, em 2014, serão de US$ 63 milhões (R$ 152 milhões).

O memorial –aquele com as duas grandes “piscinas” em cuja borda podem ser lidos os nomes das vítimas,  que fica acima do museu e já está aberto ao público desde 2011— não cobra entrada, mas são pedidas doações.

Aliás, a reação contrariada dos funcionários a qualquer pergunta sobre valores para entrar no local já mostra que a doação não é tão voluntária assim: há quase uma obrigação moral do visitante em contribuir com o espaço. A sugestão inicial é de US$ 10 (cerca de R$ 24).

A construção dos dois espaços custou US$ 700 milhões (R$ 1,7 bi), dos quais mais de US$ 450 milhões (R$ 1,1 bi) foram pagos com doações privadas de grande corporações. Para os idealizadores, é um projeto do tamanho da dor americana. Para muitos familiares de vítimas, é uma ostentação desnecessária.

E pra você: quanto vale essa memória?

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Um conto de duas cidades na neve

Por nyposts
23/01/14 11:00

Na última terça-feira, nevou praticamente o dia todo em Nova York. E, durante todo o dia, ouvi o barulho de pneus patinando na leve subida da rua ao lado, o ruído dos motores sendo exigidos ao máximo e –é claro— o som ensurdecedor das buzinas dos menos pacientes com o desespero do carro da frente.

Por várias vezes pedestres pararam para ajudar a empurrar um carro que tentava avançar sobre a neve ainda fofa.

Estranhei a demora da prefeitura para limpar a rua, já que, na minha primeira nevasca por aqui –e a primeira também do novo prefeito, Bill de Blasio, no poder—, a rapidez com que os caminhões passaram removendo a neve pela cidade me surpreendeu.

Achei que, desta vez, a demora se justificava pela rua em questão não ser lá uma via tão importante.

Mas o noticiário do dia seguinte mostrou que o estranhamento tinha fundamento. Blasio foi colocado na parede durante uma coletiva de imprensa por, supostamente, ter sido negligente com o atendimento a alguns bairros, como o Upper East Side, uma das regiões mais ricas da cidade.

Na mídia local, destacou-se o fato de que, no Brooklyn, bairro em que o prefeito ainda mora, a neve foi removida rapidamente.

Em alguns tabloides, surgiu a teoria de que Blasio já poderia estar colocando em prática seu combate ao que ele apelidou de “o conto de duas cidades”, uma rica e uma pobre, dentro de Nova York.

neve

A neve que ficou de um dia para o outro nas ruas de Upper East (Isabel Fleck/Folhapress)

“O Upper East Side não votou no Blasio (…) Ele quer nos enfurecer”, disse a moradora Molly Jong Fast ao tabloide “New York Post”.

“Não acredito que o Blasio fez isso, ele está colocando todo mundo em perigo”, disse Barbara Tamerin, outra moradora.

O prefeito negou que tenha “privilegiado” algum bairro no socorro pós-nevasca. “Ninguém foi tratado diferente”, disse. “Acreditamos na abordagem [de trabalho] das cinco zonas [Manhattan, Brooklyn, Queens, Bronx e Staten Island].”

Na quarta à tarde, no entanto, ele passou pelo bairro para conversar com moradores e ver a situação no local. Até aquele momento, mais de 15 horas depois de cessada a neve, carros ainda patinavam em alguns cruzamentos.

“Enquanto toda a resposta à nevasca foi bem executada pela cidade, poderíamos ter feito mais para ajudar o Upper East Side”, admitiu.

Esse foi só o primeiro exemplo de como Blasio pode ter se tornado refém do próprio discurso de combate à desigualdade, que o ajudou a ser eleito. O “conto de duas cidades”, referência à ficção de Charles Dickens, já mostrou que tem potencial para ganhar inúmeras leituras nos diferentes bairros de Nova York e ser usado contra ele nos próximos quatro anos.

Para os moradores de Manhattan, do Bronx ou do Brooklyn, vai ser preciso ficar bem claro daqui para frente que ele está governando, de fato, para todos.

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Praga de mãe

Por nyposts
18/01/14 10:00

Talvez já tenha acontecido com você quando mais jovem: na frente de seu grupo de amigos, sua mãe (ou pai) resolve desautorizá-lo por um motivo qualquer. Você fica sem reação, se enrubesce e tem vontade de sair correndo e nunca mais falar com qualquer pessoa que tenha presenciado aquela cena.

Agora imagine que você não é mais tão jovem –na verdade, já tem 60 anos—, que sua mãe resolveu fazer isso não na frente de cinco ou dez amigos, mas em uma entrevista de TV, e que o tema em questão nada mais é do que a disputa pela presidência dos Estados Unidos.

Pronto. Você deve ter chegado bem perto do que deve estar sentindo agora Jeb Bush, filho e irmão de dois ex-presidentes, que, aparentemente, pretende concorrer à Casa Branca– ou ao menos o fazia antes do balde de água fria atirado pela mãe, Barbara, na última quinta-feira.

Perguntada se ela queria ver mais um filho no comando do país, durante entrevista ao canal C-SPAN, Barbara, 88, foi direta: “Eu espero que ele não concorra”.

“Esse é um grande país e se não pudermos encontrar mais do que duas ou três famílias para concorrer para o posto mais alto… é uma bobagem. Há bons governadores e boas pessoas que podem concorrer”, disse a ex-primeira-dama, em referência nominal à sua própria família, aos Kennedy e aos Clinton.

Barbara Bush

E ela seguiu com sua argumentação por mais de um minuto: “ele vai herdar todos os meus inimigos e os do irmão”, “há outras famílias”, “me recuso a aceitar que esse grande país não tenha gerado outras pessoas maravilhosas”. Em abril, ela já havia afirmado que a Casa Branca já teve “muitos Bush”.

A primeira reação de Jeb, que, segundo assessores mais próximos, está “bastante inclinado” a concorrer à Casa Branca em 2016, foi não perder a piada.

Em sua conta no Twitter, perguntou: “Que dia cai o Dia das Mães esse ano?”.

jeb

Em novembro, ele chegou a falar que estava evitando conversar sobre política com sua família.

Jeb foi governador da Flórida e é considerado o Bush mais popular e o mais moderado. Fluente em espanhol e casado com uma mexicana, ele tem propostas polêmicas para a imigração – apresentadas em seu livro, “Immigration Wars”–, como dar permissão para que Estados não prestem atendimento médico emergencial a imigrantes ilegais.

Em pesquisa feita pela CNN em dezembro, ele aparecia com 37% das intenções de voto numa eventual disputa com Hillary, com 50%.

Ainda há muita coisa para acontecer até 2016, e o cenário pode não ser tão desfavorável a ele assim. Mas se a senhora Bush continuar aparecendo por aí pedindo que o filho não concorra –ou até que não votem nele–, pode ser que outras mães se identifiquem com sua causa e a apoiem.

Me parece que já é um bom momento para Jeb reconsiderar sua posição e convocar, o quanto antes, uma reunião de família para discutir o assunto.

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Bullying na Casa Branca?

Por nyposts
15/01/14 15:48

Há uma semana, os Estados Unidos acompanham a “novela” Chris Christie, iniciada com a divulgação de e-mails que mostram membros de sua equipe retaliando um desafeto político do governador de Nova Jersey com o bloqueio de uma ponte.

No dia seguinte à revelação, Christie, a principal promessa do partido republicano para a disputa à Casa Branca em 2016, repetiu algumas vezes que não tinha ordenado o “bullying” contra o prefeito de Fort Lee, o democrata Mark Sokolich, que não quis apoiá-lo na sua reeleição.

Só que, aparentemente, Christie tem um histórico de retaliações, como mostra aqui, a colunista Patrícia Campos Mello.

Diante dos fatos, a imprensa americana começou a perguntar: “como seria um presidente ‘bully’?”

Em artigo no NYT, a colunista Gail Collins projetou: “E se um secretario de Comércio, num impulso diante de uma recusa chinesa de apoiar frutos do mar americanos, mandasse aviões cargueiro para derrubar toneladas de sardinhas numa autoestrada de Pequim? O presidente Christie poderia simplesmente se desculpar e dizer que não teve nada a ver com o incidente”.

Comparação absurda, mas que evidencia, pelo exagero, o perfil “vingativo” do republicano com –por enquanto— mais chances de chegar à Casa Branca.

O fato, caro leitor, é que ele não é o único presidenciável a manter uma lista de inimigos e “ex-amigos” pronta a ser sacada em momentos decisivos.

A ex-secretária de Estado, ex-primeira-dama e principal nome democrata para 2016, Hillary Clinton, também tem a sua, como mostra trecho divulgado do livro “HRC: State Secrets and the Rebirth of Hillary Clinton” (ainda sem nome em português), dos jornalistas Amie Parnes e Jonathan Allen, que será lançado em fevereiro nos EUA.

Segundo o livro, durante a disputa com Barack Obama, em 2008, pela candidatura democrata, seus assessores alimentavam uma lista com nomes de políticos e “notas” de 1 a 7 –num ranking de apoio a Hillary.

Os “sete” eram os menos “colaborativos” por assim dizer e incluíam nomes democratas como o seu sucessor no Departamento de Estado, John Kerry (então senador), e os senadores Jay Rockefeller (Virgínia Ocidental), Bob Casey (Pensilvânia) e Patrick Leahy (Vermont).

“Queríamos ter um registro de quem nos apoiou e de quem não”, disse um membro da campanha de Hillary aos autores. “E, entre os que nos apoiaram, queríamos saber quem foi além e quem simplesmente estava lá. Entre os que não nos apoiaram, queríamos saber se foi porque eram de Illinois ou membros [do cáucus negro no Congresso]. E, é claro, quem o apoiou mas deveria ter ficado ao lado de Hillary… aqueles que a queimaram.”

Um exemplo de retaliação dado no livro é anterior ainda à disputa de 2008 e foi contra a senadora democrata por Montana Claire McCaskill, que deu declarações “engraçadinhas” sobre Bill Clinton em 2006 num programa de TV, dizendo que, apesar de ser um bom líder, não deixaria sua filha perto dele.

Nome anotado. Apesar do pedido de desculpas de Claire, Hillary retirou uma doação já programada para a senadora.

O livro sugere que a lista ainda exista. De qualquer forma, mesmo que os bloquinhos tenham sido destruídos, os nomes certamente estão guardados na memória de Hillary e de seus assessores –prontos para serem usados em 2016 (e nos quatro anos seguintes, se os democratas seguirem no comando).

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Comprar é fácil, difícil é fumar

Por nyposts
12/01/14 13:38

Nos três dias que passei em Denver, no Colorado, apurando as matérias sobre a legalização da venda de maconha para uso recreativo, não vi uma pessoa sequer fumando.

E não foi por causa do frio: havia gente nas ruas, nos bares, nos restaurantes. Mas não havia “marola”, não tinha um baseado na mão de ninguém.

A contradição se dá porque a venda, sim, foi liberada, mas o consumo só pode ser feito em casa ou em locais privados, longe da vista do público. (Leia mais aqui)

No caso de Denver, foi aprovada uma regra específica que autoriza o morador a fumar também na varanda ou no quintal de casa.

Ok, mas e quem não tem casa –ou amigo com casa— por lá? Para quem vem de fora, como eu, as opções são limitadíssimas.

Ou você fuma discretamente na rua –o que fica um pouco complicado, por conta do cheiro característico da cannabis– ou arrisca acender o cigarro no quarto de hotel. Nesta última opção, o detector de fumaça dos quartos pode e deverá ser um problema.

Há ainda, claro, as festas e shows (foto abaixo e mais informações aqui) em que, inevitavelmente, as pessoas vão fumar. Neste caso, a polícia tem feito vista grossa, por enquanto. Mas nada impede que, em breve, sejam feitas “batidas” nos locais com maior concentração de gente.

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Cartaz anuncia festa em Denver para “celebrar a legalização” (Isabel Fleck/Folhapress)

O fato é que, na primeira semana, estava todo mundo –moradores, empresários, turistas—ainda aprendendo a lidar com a nova situação.

Procurando, soube que havia alguns hotéis mais “tolerantes”. Fui a dois deles. Nenhum admitiu oficialmente que permitia o uso de maconha em seus quartos ou dependências. Um deles, o Warwick, de 4 estrelas, chegou a emitir uma nota em seu site respondendo a esse tipo de dúvida (que, aparentemente, não era só minha).

“A legislação de Denver proíbe o uso de maconha nas varandas e espaços públicos do hotel. Assim sendo, fumar maconha e consumir produtos feitos com maconha é proibido em qualquer local do hotel, inclusive nos quartos”, explica a nota.

A nota fiscal da maconha "Blue Dream" comprada pela reportagem em Denver; US$ 14, 49 do total de US$ 54,49 foram de impostos

A nota fiscal da maconha “Blue Dream” comprada pela reportagem em Denver; US$ 14, 49 do total de US$ 54,49 foram de impostos

No hotel em que me hospedei, nenhum dos funcionários soube me informar qual era a política da empresa para fumar no quarto. No dia seguinte, presenciei uma reunião da equipe do hotel com seu gerente, na qual ele orientava, a partir de então, os empregados a proibirem o uso de maconha nos quartos pelos hóspedes. Recado dado.

Sem poder sair do Estado com a maconha comprada para a reportagem (leia mais e veja o vídeo aqui) e nem querendo arriscar ter que pagar multa de US$ 100 ou ficar até 15 dias detida (penas previstas para quem fumar em público), deixei as 2 gramas da “Blue Dream”, que não davam muito mais que um cigarro, por lá mesmo.

A expectativa de quem trabalha no setor é de que, nos próximos meses, o governo do Colorado perceba e repare a incoerência entre as regras de venda e de consumo. Caso contrário, todo o empresariado ligado ao turismo perderá em breve a euforia que ronda o setor desde 1o de janeiro.

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O "Open House" do prefeito

Por nyposts
07/01/14 08:30

Confesso que quando anunciaram o “Open House” popular da nova casa do prefeito de Nova York, Bill de Blasio, no último domingo, imaginei algo um pouco diferente.

O democrata prometera abrir a tradicional Gracie Mansion (leia sobre ela aqui) para todos os nova-iorquinos, e já pensei que encontraria uma festa “à la 4 de julho”, com hot dogs e pedaços de frango frito circulando entre os milhares que conseguiram seu ingresso por meio de sorteio.

Esperava ver também autoridades, aproveitando o momento para tirar uma casquinha da popularidade de Blasio.

Nada disso. Sob uma fina garoa que tornava o frio ainda menos suportável, os convidados enfrentaram uma fila de mais de duas horas do lado de fora.

Aos poucos, entravam na casa após uma revista –e, pelos seus aposentos seculares, seguiam em fila, num tour de cerca de 20 minutos.

Já no fim, estaria a recompensa pela espera: o novo prefeito, com sorriso largo e simpatia inabalável após quase cinco horas em pé, abraçava um a um, perguntava como anda a vida, ouvia histórias (em alguns casos, encaminhava a pessoa para um de seus assessores, a fim de anotar algum pedido em especial). E tirava fotos –que seriam enviadas depois por sua equipe, por email, para cada um dos presentes.

Pronto: não vi um só convidado que tenha saído insatisfeito.

A dona-de-casa Roslin Spigner, 51, achou a casa “linda” e o prefeito, “muito atencioso e gentil”.

O veterano de guerra Francis Leo Hoghen, que completou 70 anos no domingo, também saiu admirado. “Achei ele um cara muito tranquilo. Me surpreendeu o fato de ele receber um por um. Foi mais do que eu esperava”, disse à Folha.

Até mesmo o pequeno Atos Asare-Appiah, 5, (foto acima), que resistiu ao apelo de Blasio por um sorriso para a foto e resumiu sua impaciência no momento com uma careta, admitiu, ao final, ter gostado da experiência.

O carisma de Blasio contagiou os presentes, e ninguém ligou mais para o frio ou a falta de comida. Talvez na gestão anterior, do bilionário Michael Bloomberg, tivessem servido os tais frangos fritos –ou algo mais elaborado. Mas não sei se os convidados teriam saído tão satisfeitos.

Me deu a impressão de estar diante de uma versão nova-iorquina de Obama –que, não importa o quão ruim seja o cenário, sempre arranca um sorriso da plateia.

Os jornais por aqui já falam que o grande desafio de Blasio será transformar essa “paixão” em boas decisões políticas.

Mais uma semelhança então com o presidente. Obama pena, no segundo mandato, para manter a aprovação acima dos 40%.

O não tão carismático Bloomberg, cujos avanços na administração são reconhecidos inclusive por democratas, deixou o posto com 53% de apoio.

Blasio assume com 73% da população se declarando otimista em relação ao seu mandato. Será que consegue manter?

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Nova velha casa

Por nyposts
07/01/14 08:00

Em breve, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, e sua família deixarão sua modesta casa em Park Slope, no Brooklyn, para morar em Manhattan. O novo endereço da família é em Upper East Side, na altura da rua 88, às margens do East River.

Blasio decidiu que, após 12 anos, um prefeito voltaria a morar na Gracie Mansion, erguida no fim do séc. 18, e considerada uma das mais antigas construções em madeira da cidade (leia aqui post sobre o “Open House”). O último a morar lá foi Rudy Giuliani, que deixou a casa quando se separou, em 2001, da então mulher, a jornalista Donna Hanover.

Ao decidir se mudar para lá, Blasio terá não só uma bela vista do rio, como um agradável parque do lado de casa –é só cruzar o portão. Parte do mobiliário original segue na residência, que foi modernizada (com vidros com proteção contra raios ultravioleta, por exemplo) sem perder o estilo colonial.

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A frente da Gracie Mansion, onde Bill de Blasio irá morar (Isabel Fleck/Folhapress)

Veja mais fotos aqui.

 

Erguida em 1799 pelo comerciante Archibald Gracie, passou por três diferentes donos antes de ser expropriada por sonegação de impostos do então proprietário.

A prefeitura a transformou, em 1910, numa parte do Carl Schurz Park, que fica ao lado. Por anos, serviu como um ponto de apoio e –pasmem– banheiro para os usuários do parque.

Foi restaurada e chegou a abrigar o Museu da Cidade de Nova York. Só em 1942 se tornou a residência oficial do prefeito, tendo como primeiro morador o republicano Fiorello La Guardia.

A partir de 2002, passou por uma nova restauração, que custou US$ 7 milhões e foi totalmente financiada por Michael Bloomberg –o mesmo que dispensou a residência oficial. Foi então transformada na “Casa do Povo”, com visitação aberta ao público. Ainda hoje, são realizados tours pela casa, e tudo indica que seguirão mesmo com a família Blasio morando lá.

Se você quiser conhecê-la na próxima visita a Nova York, anota aí: as visitas-guiadas são sempre às quartas-feiras, em quatro horários (10h, 11h, 13h e 14h). É preciso se inscrever antes, pelo site nyc.gov/gracie. A entrada custa US$ 7.

 

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