EUA acordam para a Copa e vivem 'febre' de Brasil
23/06/14 11:39“Ainda não é o fim para os americanos”, “o time dos EUA ainda vive”: foi nesse clima que os EUA acordaram hoje, demonstrando uma empolgação com a Copa do Mundo que até agora não tinha sido vista por essas bandas.
Hoje, os principais jornais do país trazem os cálculos de como o time americano ainda pode ir para as oitavas de final e as redes de TV mostram comentaristas ainda sob o efeito da vitória “roubada” por Portugal no último minuto de jogo neste domingo.
É como se a partida de ontem tivesse finalmente alertado os americanos: “Hey, guys, it’s World Cup!”
Em Nova York, ainda não se vê bandeiras americanas nas ruas (e nem sei se eles chegarão a este ponto), mas no domingo teve torcida animada pelos pubs da cidade e, durante todo o fim de semana, a loja de esportes da esquina exibiu um movimento de torcedores em busca da camiseta de seu time –muitos deles, americanos.
Mas se a animação com a Copa começou a chegar agora, o fascínio e a curiosidade com o Brasil já vêm há alguns meses. E não falo sobre as reportagens do “New York Times”, sempre acompanhadas e compartilhadas no Facebook pelos brasileiros.
Por aqui, o Brasil virou moda– algo que vai além das Havaianas, que já circulavam por aqui à exaustão em outros verões. Em fevereiro, me surpreendi ao ver o nome de um novo esmalte vermelho da marca americana OPI, uma das maiores do ramo: “Red Hot Rio”. Ao lado, tinha o nude “Don’t Bossa Nova Me Around” e o rosa “Kiss Me, I’m Brazilian”. Descobri que se tratava de uma linha inteira “dedicada” ao país: “AmazON AmazOFF”, “I Sao Paulo Over There”, “I Just Can’t Cope-Acabana” e por aí vai. Era a euforia com o anfitrião da Copa chegando.
Agora, dando uma volta pelo bairro, é possível ser recebido por um Pelé em tamanho real (ou quase, acho) na rede de sanduíches Subway, comprar uma pipoca gourmet “Brazilian Samba” (de caramelo), ouvir boa parte do CD com músicas brasileiras vendido no Starbucks enquanto espera na fila do café ou adquirir um kit inteiro de maquiagem da Sephora (coleção “Escape to Rio”), que promete te dar o bronzeado de um fim de semana em Ipanema.
Ah, e é claro: comprar a camiseta oficial do time brasileiro, que custa em torno de US$ 90. No último sábado, um garotinho francês apontou para a camiseta amarela na mesma loja de esportes da região. “Mas aquela é do Brasil”, disse o pai. O menino ficou chateado, queria aquela. Até onde pude acompanhar, o pai não cedeu – foi de azul francesa mesmo.
Na TV, também me causou estranhamento, no começo, quando as propagandas começaram a aparecer em português. Primeiro foi da marca de licor Southern Comfort, com o sucesso de 1983 “Estrelar”, de Marcos Valle.
Depois, a Dish Network, de TV paga, veio com a modelo Clarisse Neves, à la rainha de bateria, para convidar o telespectador a assistir ao “jogo bonito” — que é como os americanos se referem ao futebol bem jogado. Na semana passada, veio a Pepsico com uma propaganda da batatinha Lay’s e da Pepsi que traz Messi ao som de… “Tchê Tchê Rerê”, do Gusttavo Lima.
É possível até reclamar das escolhas, dos estereótipos, da mulher de biquíni (bem comportado até) na propaganda. Mas enquanto os americanos forem recebidos no Brasil com samba e sertanejo universitário e o Carnaval seguir sendo o principal chamariz para os turistas por aqui, acho mesmo difícil que se espere outra coisa na TV americana.
Nos museus e galerias de Nova York, é possível ver o Brasil que vai além do samba, com exposições de artistas como Lygia Clark (MoMA), Caio Reisewitz (ICP), Tunga e Lenora de Barros (Pioneer Works). O que, para mim, não só demonstra o reconhecimento pela obra individual de cada um deles, como também reforça o interesse cada vez maior por tudo o que venha com o selo do país.
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