O museu e sua segunda polêmica
24/04/14 12:11O Museu Nacional do 11 de Setembro ainda nem foi inaugurado em Nova York e já passa pela sua segunda polêmica.
Após as críticas aos valores que serão cobrados pela entrada (leia neste outro post), agora é o conteúdo de um vídeo, de menos de 7 minutos, que tem gerado problemas para os administradores do museu.
O filme “A Ascensão da Al Qaeda”, narrado pelo principal âncora da NBC News, Brian Williams, se propõe a explicar o contexto em que foram planejados os ataques do 11 de Setembro de 2001, que deixou 2.977 vítimas.
No entanto, ao definir terroristas como islamistas que assumiram a jihad como sua missão, acabou revoltando líderes muçulmanos em Nova York, que consideraram seu conteúdo extremamente ofensivo.
Para eles, o vídeo, exibido a grupos religiosos antes da abertura do museu, prevista para 21 de maio, apresenta uma terminologia que difama toda a comunidade islâmica.
Um dos principais opositores, o xeque Mostafa Elazabawy, imã da mesquita Masjid Manhattan, chegou a renunciar ao seu posto no Conselho de Clérigos de Lower Manhattan, um fórum de diálogo interreligioso, depois que o museu se recusou a fazer alterações no vídeo.
“A exibição deste filme em seu estado atual ofenderia nossos fiéis muçulmanos locais, bem como qualquer visitante muçulmano”, disse o xeque em uma carta para o diretor do museu.
“Visitantes pouco refinados que não entendem a diferença entre a Al Qaeda e os muçulmanos podem sair com uma visão preconceituosa do Islã, levando ao antagonismo e até mesmo confronto com fiéis muçulmanos próximo ao local”, completou.
Segundo o presidente da organização responsável pelo museu, Joseph Daniels, desde o princípio, se teve a “responsabilidade de ser fiel aos fatos e objetivo”, “sem manchar qualquer religião quando se fala sobre grupos terroristas”.
A discussão evidencia o desafio que a cidade enfrenta até hoje em falar sobre os atentados sem atingir sua ampla comunidade muçulmana. Em 2010, houve um grande debate sobre a construção de uma mesquita próxima ao local onde ficavam as Torres Gêmeas.
Em setembro de 2011, apesar da forte oposição de moradores e de familiares das vítimas, um centro cultural islâmico foi inaugurado a duas quadras do World Trade Center. Em mais de dois anos de funcionamento, nenhum incidente foi registrado e o centro segue oferecendo seu espaço não só para atividades relacionadas ao Islã, mas para cursos e exposições. O lugar tem, inclusive, aulas de capoeira –numa prova de abertura extrema. Mas não se anime: os professores são americanos.