É mais barato morar no Brooklyn?
17/03/14 10:30Diante dos valores absurdos de aluguel cobrados em Nova York, um conselho que ouvi de vários amigos antes de chegar à cidade foi: “procure no Brooklyn”.
Só que a minha impressão nunca foi a de que, hoje, morar no Brooklyn (leia-se Williamsburg, a parte “cool” para se viver) sairia mais barato do que em alguns lugares de Manhattan.
Nos últimos dois meses, tenho visto reportagens que só comprovam minha percepção inicial. A mais recente delas, publicada no “New York Times” deste domingo, mostra que os jovens estão voltando a morar em Upper East Side, considerado um dos bairros mais abastados e onde têm casa Woody Allen, Martin Scorsese, Madonna e Michael Bloomberg.
O motivo? O preço. É óbvio que não estamos falando de apartamentos de quatro quartos ou casas de dois ou três andares, mas em estúdios ou apartamentos de um ou dois quartos.
De acordo com a pesquisa da empresa Miller Samuel, publicada no “NYT”, um estúdio em Upper East Side, dependendo da localização, custa entre US$ 2.000 e US$ 2.225 ao mês. Em Williamsburg, no Brooklyn, a média é de US$ 2.700.
No caso do apartamento de um quarto, o valor em Upper East varia entre US$ 2.600 e US$ 3.100. Em Williamsburg, a média é de US$ 3.300.
Fui atrás de outros relatórios. O da imobiliária MNS, que tem unidades equivalentes nos dois lugares, reforça a diferença: média de US$ 2.045 para um estúdio em Upper East, US$ 2.612 em Williamsburg.
A “gentrificação” não é exatamente uma novidade no Brooklyn –nem em East Village ou Lower East Side. Williamsburg, “hypado” nos últimos anos pela presença de uma vizinhança formada por novos artistas, atraiu uma massa jovem hipster que parece ainda entender o bairro como marginal. Só que o mercado imobiliário também se aproveitou do apelo “cool”.
A matéria do “NYT” destaca vários casos de jovens que tiveram que sair de lugares badalados para viver, pagando menos, num Upper East estigmatizado pelo glamour da Park Avenue e dos longos toldos na frente dos prédios, com porteiros uniformizados.
A opção, no entanto, os sacrifica por um lado: ficam mais longe dos bares, restaurantes e noitadas. A partir de então, têm que se deslocar até os amigos (ninguém quer passar a sexta à noite num pub em Upper East), e se acostumar com o clima mais “família” da vizinhança.
A recompensa é o dinheiro poupado no fim do mês e o Central Park como quintal.